Poder-se-ia dizer que foram as "mountain bike antecessoras". Pois bem, entretanto, Tom Ritchey, que aos 24 anos era um excelente corredor em bicicletas de campo (bicicletas off-road), continuava a dedicar-se a montar quadros para bicicletas com rodas largas. Gary Fisher, que já conhecia o quão "habilidoso" Ritchey era (e não queria comprar uma Breezer), pediu-lhe que lhe fizesse um quadro réplica do que montava. Ritchey, que não faltava engenho, fez três quadros, um para si mesmo, outro para Fisher e outro para vender. A coisa foi um sucesso, e com mais quadros adquiridos a Ritchey, Fisher começou a vendê-los no condado de Marin com o seu amigo Charly Kelly. Rapidamente fizeram negócios juntos, e chamaram à marca de bicicletas MountainBikes.
Tom Ritchey foi, portanto, o primeiro fabricante artesão de mountain bikes da história, e Gary Fisher quem se encarregou do tema comercial na hora de as vender. No ano 80 o negócio já estava a funcionar, e Charly Kelly lançou a primeira publicação dedicada à BTT: Fat Tire Flyer, uma espécie de fanzine totalmente artesanal com histórias, anúncios de corridas, etc.
Fisher e Kelly não conseguiram evitar que o termo "mountain bike" começasse a ser usado cada vez mais e a tornar-se mais comercial. Não conseguiram registar o nome como marca, e em 1981 a revista de ciclismo Bicycling fez um concurso para dar um nome às novas bicicletas de rodas largas. O nome foi "Bicicleta Todo-o-Terreno", mas no final ficou para a posteridade como "mountain bike".
Com as bicicletas já etiquetadas como mountain bikes, o próximo passo era aumentar a produção, já que cada vez havia mais gente interessada nestes novos artefactos que podiam aventurar-se por qualquer caminho. Até fabricantes japoneses, sempre tão hábeis, começaram a fabricar rodas de 26" mais leves e adaptadas à largura de uma MTB. Ritchey não dava conta de construir quadros, e também Breeze, mas nenhum se decidia a fazer uma fabricação em massa de bicicletas, devido, entre outras coisas, a que naquele momento não existiam subcontratados de qualidade que fabricassem bicicletas nos Estados Unidos.
Mas um distribuidor de bicicletas de San Jose estava a ganhar muito dinheiro desde 1976 a vender componentes e pneus para bicicletas de estrada. O distribuidor chamava-se Specialized Bicycle Imports, e o seu chefe era Mike Sinyard. Sinyard comprou alguns quadros Ritchey em 1981, e um dos seus designers, Tim Neenan, teve a ideia de fazer um quadro réplica mas com o nome de Specialized. A Sinyard agradou-lhe a ideia, mas para a finalizar, levou o quadro para ser fabricado em série na sua fábrica no Japão. Aquele modelo foi o primeiro Specialized Stumpjumper, considerado "oficialmente" a primeira mountain bike da história. Saiu ao mercado em 1982 a 750 dólares. Em poucos anos venderam-se milhares de Stumpjumpers.
A partir das Stumpjumpers, as mountain bikes começaram a sua ascensão. Nos anos seguintes, as vendas triplicavam a cada ano. Em 1985 e 1986 venderam-se mais bicicletas de montanha que de estrada nos Estados Unidos, e logo essa febre chegou também à Europa. De repente, os estadounidenses encontraram-se com milhares de bicicletas de rodas largas a inundar as montanhas, e então começaram a fechar o acesso aos caminhos. Em 1983 vários corredores de Marin County fundaram a NORBA (Associação Nacional de Bicicletas Todo-o-Terreno). Além de manter os caminhos, a NORBA nasceu com o propósito de ser a associação "emblema" da competição em mountain bike. Por que é que na Europa nunca nos ocorreu fazer algo assim?
Depois veio a IMBA (International Mountain Bike Association), criada em 1998 apenas para contribuir para manter os caminhos dentro e fora dos EUA.
A partir de então e até hoje, o mountain bike tornou-se um desporto olímpico, disputaram-se 11 campeonatos do mundo (mais um não oficial), 11 copas do mundo, criaram-se especialidades dentro do desporto como o cross country, o downhill e o dual, e cada vez se especializa mais numa disciplina concreta (com o famoso freeride, bicicletas de dirt, dual, enduro, rally, etc).
A tecnologia fez evoluir de forma muito rápida, para a sua curta vida, as mountain bikes. Não se pode esquecer que até há muito pouco tempo as bicicletas levavam travões cantilever, pedais de rastral, forquilhas rígidas, quadros de espessura constante, etc. Em poucos anos foram incorporando diversos elementos, na sua maioria vindos do mundo do downhill, que como vimos, foi o primeiro propósito dos que começaram a montar bicicletas com rodas e guiador largo. Forquilhas de suspensão, travões em V, pedais automáticos, forquilhas de dupla placa, e finalmente, suspensões traseiras.
Com isto, completamos a história das BTT, um veículo incrível com o qual desfrutamos de um desporto de aventura apaixonante. E se queres saber como tens que cuidar dela, deixamos-te um artigo sobre a manutenção da bicicleta de montanha seguindo este link.
