
Praticar desporto é bom. Sempre. Fique com essa ideia e não se agarre aos acidentes ou dores ocasionais que isso pode acarretar, porque se o fizer com conhecimento, praticando-o de forma contínua e saudável, só lhe pode trazer saúde e bons hábitos. Mais ainda se gostar de um desporto específico e disfrutar ao praticá-lo.
No caso do ciclismo, acontece o mesmo. Uma pedalada contínua ou longas jornadas a pedalar na sua bicicleta podem causar problemas nas extremidades, especialmente nos joelhos, que é uma das partes que mais trabalha quando praticamos BTT ou ciclismo de estrada. Daí que uma das dores mais frequentes entre os ciclistas seja a Condromalácia ou Condropatia patelar.
A Condromalácia é possivelmente a dor que mais afeta os joelhos dos ciclistas. Trata-se de uma patologia relacionada com a repetição cíclica de um movimento que provoca um desgaste da zona cartilaginosa na parte posterior da rótula ao roçar com o côndilo femoral (o final do fémur).
A rótula é aquele pequeno osso de forma triangular situado mesmo acima do joelho. Na parte superior insere-se o músculo reto femoral (uma das quatro partes do quadricípite, o músculo da coxa). E na parte inferior liga-se à tíbia através do ligamento patelar.
As causas desta degeneração ou desgaste da cartilagem podem ser muito variadas. Além da dor na parte anterior do joelho, os sintomas mais comuns da Condropatia são as dores ao descer colinas ou escadas, bem como sensação de rigidez e dificuldade em estender o joelho depois de passar algum tempo com o joelho flexionado (uma viagem de carro ou um filme no cinema).
O mais aconselhável é que, através de uma ressonância magnética, um traumatologista determine o grau da Condropatia, pois pode estar mais ou menos avançada. É importante, ou pelo menos muito recomendável, que o especialista médico tenha alguma experiência com ciclistas ou pelo menos com atletas, pois, caso contrário, a sua primeira recomendação pode ser simplesmente dizer-lhe para deixar de andar de bicicleta ou diagnosticar uma "simples" entorse.

Se a Condromalácia não estiver muito avançada, existem uma série de tratamentos ou métodos para reduzir este atrito e, consequentemente, travar o desgaste e eliminar os incómodos:
- Subir o selim. Ao fazer isto, flexionaremos menos o joelho e, portanto, colocaremos menos pressão sobre a rótula. Suba-o o máximo possível sem que as suas ancas comecem a "bailar" em cada pedalada.
- Aumentar a cadência: é outra forma de reduzir a carga sobre a rótula. Para isso, é preciso habituar-se a mudar de mudança mesmo antes de começar as subidas.
- Verificar se o selim não está demasiado avançado, pois isso também aumenta a flexão do joelho.
- Usar pedais com poucos graus de movimento ajuda a reduzir os desvios laterais do joelho enquanto pedalámos, que podem estar a aumentar a pressão dos côndilos femorais sobre a rótula.
- Através de uma análise biomecânica da pedalada, podemos melhorar o apoio do pé no pedal, fazendo as modificações pertinentes que contribuam para reduzir a pressão sobre a rótula.
- É possível que, aumentando a distância entre a manivela e o pedal, melhoremos, pois uma possível causa pode ser termos uma separação de ancas maior do que o normal. Isto faria com que a tíbia não estivesse alinhada com o fémur e, portanto, seria outro foco de pressão adicional sobre a rótula.
- No dia-a-dia, deve evitar-se passar muito tempo com o joelho flexionado. Se trabalhar sentado, é recomendável tentar levantar-se de vez em quando e procurar posições em que os joelhos estejam estendidos.

Realizar uma série de exercícios de fortalecimento do quadricípite ajudará a segurar melhor a rótula e a reduzir o desgaste da cartilagem. Nós, para melhorar esta patologia do joelho sem abdicar do ciclismo, recomendamos-lhe alguns:
- De pé, com as pernas estendidas, basta contrair fortemente os quadricípetes, como se estivesse a empurrar para o chão, e manter a contração durante 10 segundos. Descanse outros 10 segundos e volte a contrair. Faça 10 repetições.
- Apoiando as costas na parede, flexionar os joelhos cerca de 45 graus, segurar uma bola entre os joelhos. 8 repetições de 20 segundos, descansando 20 segundos entre repetições.
- Sentado numa cadeira, esticar uma perna e mantê-la estendida na horizontal. Ao quinto dia, coloque algum peso no tornozelo. 8 repetições de 20 segundos, descansando 20 segundos entre repetições.
- Na máquina de extensão de quadricípetes, fazer apenas os últimos 10 graus do movimento e manter a contração muscular durante 5 segundos com o joelho estendido.
- Sentado no chão, com as costas apoiadas na parede e as pernas estendidas. Colocar uma toalha enrolada debaixo dos joelhos. Contrair o quadricípite, estender o joelho e levantar o tornozelo do chão. Começar com 15 repetições e ir aumentando.
- Alongamentos dos isquiotibiais (sentado, perna dobrada com o joelho para fora, levar as mãos aos pés da perna estendida) e dos quadricípetes (de pé, dobrar a perna agarrando o tornozelo com a mão).

Utilizar sempre a sua própria mountain bike também contribui para fortalecer o quadricípite e, portanto, para segurar melhor a rótula e assim evitar o atrito com o fémur. Tudo isto com o objetivo de evitar a incómoda Condromalácia patelar.
Mas, como lhe dizíamos no início, se gosta de praticar um desporto, não o abandone a não ser que um especialista lhe diga expressamente o contrário. Se no seu caso é o ciclismo, melhor ainda, porque por todo o país encontrará as melhores oportunidades para pedalar com a sua bicicleta, seja numa rota de BTT ou alugando a bicicleta que melhor se adapte ao percurso que queira fazer a pedalar.