José Manuel é um dos nossos membros da Comunidade Yumping, que se disponibilizou para responder a algumas perguntas sobre o seu desporto preferido. Sempre que pode pratica caminhadas, embora ultimamente tenha tido menos tempo para tal, dada a sua vida profissional agitada que não lhe deixa o tempo livre que gostaria.
Ainda assim, sempre que tem uma oportunidade aproveita para fazer uma escapadinha. Hoje partilha connosco as suas experiências e aconselha os nossos leitores.
Yumping.- Em primeiro lugar, bem-vindo à Comunidade Yumping.com, José.
José Manuel López.- Muito obrigado, a verdade é que é um prazer porque vocês são dos mais completos.

Y.- Vou começar por te perguntar como é o dia-a-dia de uma pessoa interessada em desportos de aventura.
J.M.L.- Bem, o dia-a-dia é normal, a trabalhar como toda a gente (risos).
Y.- Dedicas muito tempo a praticar este hobby?
J.M.L.- Todo o que posso, embora menos do que gostaria.
Y.- Exatamente, qual é a prática que preferes?
J.M.L.- O que mais gosto é caminhadas, porque gosto de poder fazer coisas que dependam apenas de mim.
Y.- Que rotas já realizaste?
J.M.L.- Sobretudo pelos Picos de Europa -6 anos a passar férias por lá a andar e a andar dá para muito-. E também pela serra de Madrid.
Y.- Qual é a melhor aventura que já viveste a fazê-lo?
J.M.L.- Não sei se a melhor, mas sem dúvida a mais emocionante. Tentei chegar à Torre Cerredo -o pico mais alto dos Picos de Europa- em 2 ocasiões. Na primeira tivemos que desistir por causa do tempo e na segunda ficámos a uns 20 metros do cume. Uma pena, mas quem conhece sabe que é puxado. Também num ano em que tínhamos a nossa base em Sotres e fomos a pé com toda a nossa bagagem desde o teleférico de Fuente De -um bom castigo para começar as férias- (risos).

Y.- É importante o trabalho em equipa numa atividade como a que tens realizado ao longo de tantos anos. Alguma vez tiveram algum problema?
J.M.L.- Pois é, é importante, sobretudo em temas de orientação e no ritmo das caminhadas, porque nem toda a gente anda ao mesmo ritmo. Temos que tentar adaptar-nos uns aos outros para manter um ritmo com o qual se possa permanecer juntos. Lembro-me de uma vez que torci o tornozelo -uma das muitas- e tive que ser ajudado por todos os meus companheiros para conseguir terminar a descida, foi exaustivo para todos.
Y.- As anedotas devem ser coisa comum, não é?
J.M.L.- Claro, cada vez que se dá um passeio surge alguma. Por exemplo, um ano em que estávamos perto dos Lagos de Covadonga, no último dia atrasámo-nos e perdemos o autocarro, então decidimos ficar no mosteiro a dormir debaixo de algum alpendre. Ao que parece não é permitido, por isso estávamos um pouco desiludidos e sem saber o que fazer. Lembrámo-nos de perguntar nos merendários e deixaram-nos dormir entre as mesas, debaixo dos toldos. Foi uma sorte, porque não tivemos que dormir ao relento.
Y.- O que recomendas a quem queira iniciar-se em caminhadas?
J.M.L.- Sobretudo que sejam prudentes para não se perderem nem caírem por alguma encosta que possa parecer um caminho -outra das anedotas da qual saímos vivos por milagre-. Que não se aventurem a fazer uma rota difícil se não tiverem experiência ou não a conhecerem. E que comprem o melhor equipamento dentro das suas possibilidades.

Y.- A roupa confortável é o principal mas, o que fazer em caso de se encontrar numa situação com contratempos devido ao clima?
J.M.L.- Bom, é sempre conveniente consultar o boletim meteorológico e informar-se sobre as particularidades da zona (nevoeiro, mudanças bruscas, etc.), mas mesmo assim se algum contratempo nos surpreender, não se deve perder a calma. Se pudermos seguir um caminho, segui-lo. Se encontrarmos outras pessoas, é possível que nos possam ajudar. Tentar encontrar um abrigo e não nos movermos também pode ser uma boa ideia se não estivermos numa situação extrema e soubermos que nos virão buscar.