Ao realizar uma saída de mergulho, podemos desfrutar de uma experiência única e maravilhosa. Como é lógico, temos que ter em conta uma série de recomendações para que a imersão seja perfeita. Ainda assim, podemos encontrar algum inconveniente de vez em quando, mas bastará prestarmos atenção e tudo correrá bem.
O que é uma água-viva?
Cnidário, provém do grego knidé, que significa urtiga. A sua característica principal é a posse de células urticantes denominadas cnidócitos ou nematocistos.

A palavra água-viva tem a sua origem numa das três irmãs Górgonas, Medusa, divindade marinha da mitologia grega, que possuía serpentes em vez de cabelos e que recorda a forma destes curiosos animais.
Como são?
O seu corpo, quase sempre transparente, é formado por 95% de água, facto que lhes proporciona uma camuflagem perfeita. Constitui-se de três partes principais: a umbrela, os braços orais (que rodeiam a boca) e os tentáculos urticantes. São animais de simetria radial. Apresentam uma cavidade interna, onde se realiza a digestão, denominada cavidade gastrovascular e que tem uma única abertura que realiza as funções de boca e ânus. As águas-vivas são formadas por duas camadas de tecidos, o ectodermo ou camada externa e o endodermo ou camada interna, separadas por uma camada de tecido conjuntivo, a mesogleia.
Possuem um sistema nervoso primitivo, com as células nervosas agrupadas formando dois anéis que regem a pulsação rítmica. Na margem da campânula ou umbrela, existem órgãos sensoriais: os ocelos (que lhes permitem detetar diferentes intensidades de luz) e os estatocistos (órgãos do equilíbrio muito simples).
Classificação
Os cnidários podem apresentar duas morfologias diferentes:
- A forma pólipo, forma séssil ou fixa no substrato, de corpo tubular e com os tentáculos e a boca dirigidos para cima.
- A forma água-viva, de vida livre e com os tentáculos e a boca para baixo.
Existem mais de 9000 espécies conhecidas de cnidários, que se agrupam em 4 classes: fases de pólipo e água-viva, as verdadeiras águas-vivas, classe Cubozoários e classe Antozoários.

Onde habitam as águas-vivas?
Com exceção das hidras e outros hidrozoários de água doce, os cnidários são marinhos. Habitam desde os mares tropicais até às frias águas do Ártico.
Vivem a sulcar os mares desde há mais de 650 milhões de anos. As águas-vivas, também denominadas medusas, são animais pelágicos (de mar aberto) e fazem parte do zooplâncton, já que, embora se possam propulsionar graças a movimentos rítmicos da sua umbrela, movem-se basicamente arrastadas pelas correntes marinhas.

Reprodução
As águas-vivas têm sexos separados, ou seja, há águas-vivas macho e águas-vivas fêmea. Para se reproduzirem, machos e fêmeas libertam espermatozoides e óvulos na água (reprodução sexual). Após a fecundação, desenvolvem-se umas larvas (plânulas), que originarão novas águas-vivas ou que se assentarão e formarão pólipos. Destes pólipos, de vida bentónica, mediante reprodução assexuada, poderão desenvolver-se novamente águas-vivas de vida livre.
A água-viva mais grande...
A água-viva crina de leão (Cyanea capillata) tem uns tentáculos que podem chegar a ser mais longos que uma baleia azul. Encontram-se tanto em águas temperadas como no Ártico.

Predadores vorazes
As águas-vivas são carnívoras e podem aumentar de tamanho rapidamente e formar um grande número de indivíduos quando o alimento abunda. Mas se este escassear, podem encolher-se novamente.
Alimentam-se principalmente de zooplâncton, pequenos crustáceos como o krill ou os copépodes, embora também façam parte da sua dieta alguns peixes de reduzido tamanho ou outras águas-vivas. É bastante curioso ver através do corpo da água-viva a sua última captura antes de ser digerida.
Os tentáculos, providos de células urticantes, servem como defesa e como arma poderosa para a captura das presas. Em contacto com as vítimas, os nematocistos presentes nos tentáculos disparam o arpão ou filamento que continham enrolado no seu interior e, através dele, liberta-se uma substância tóxica, urticante, que as paralisa. Os braços orais ajudam na captura e ingestão do alimento.

Precauções
Não convém banhar-se nas praias quando se avisa da presença de águas-vivas. Até passear pela orla pode ser perigoso, já que podem ficar restos de tentáculos na areia. As águas-vivas podem causar picadas mesmo horas depois de mortas.
O que fazer perante uma picada de água-viva?
Nunca se deve aplicar água doce para lavar a zona afetada, já que a mudança de salinidade pode fazer com que as células urticantes aderidas à pele se rompam e libertem o líquido urticante. Convém aplicar frio na zona da picada, colocando cubos de gelo, mas sempre dentro de um saco de plástico, nunca diretamente na pele.
Os tentáculos aderidos à mesma podem ser retirados com a ajuda de uma pinça, mas nunca com os dedos. Perante alguma complicação, como dificuldades respiratórias ou alterações do ritmo cardíaco, é necessário recorrer a um centro de saúde para aplicar as medidas adequadas.