Mas a escalada não é a única paixão na sua vida, combinando-a com outros desportos de aventura como o paraquedismo ou, mais recentemente, o salto B.A.S.E., sobre o qual podes ver mais informação aqui.
Para além disso, alia a sua profissão e hobbies com outras facetas que mantêm a montanha no horizonte, como a criação de livros (tem quatro no seu currículo), a realização de palestras ou colaborações em alguns programas da La Sexta com a jornalista Sara Carbonero.
De seguida, deixamos-te a entrevista para conheceres um pouco melhor este fenómeno da escalada.

Yumping.- Desde muito cedo, com apenas 13 anos, dedicaste-te ao mundo da montanha. Os inícios foram difíceis?
Carlos Suárez.- Não, de todo. Tive a sorte de a minha mãe me pagar um curso com Ramón Portilla e, desde o início, tive boas referências próximas, assim como o clube Peñalara.
Y.- O alpinismo exige muitos meios de segurança e, por vezes, pode ser arriscado. Foi difícil que em casa aceitassem o teu estilo de vida como profissão?
C.S.- Sim, sempre foi difícil de entender.

Y.- O que sentiste quando te viste pela primeira vez a mais de 8.000 metros de altitude, no Cho-oyu?
C.S.- Senti que não estava tão forte como costumava estar nos Alpes ou lugares semelhantes. Normalmente, tens um margem de ação muito mais limitado.
Y.- Que cima recordas com mais carinho?
C.S.- O monte Asgard pelo que representou e pelo salto B.A.S.E. que fiz depois.
Y.- Em que momento te foi mais difícil continuar?
C.S.- Há uns anos, não via saída, apesar de tentar viver profissionalmente há anos. Há outras profissões no mundo da montanha muito mais rentáveis.

Y.- Tens um palmarés invejável no mundo da escalada. Não paraste de alcançar sucessos e ainda estás imparável. Qual foi o título que te deu mais alegria?
C.S.- Mais do que os títulos, são as experiências que vivi, até mesmo algumas que não tiveram sucesso, como no cerro Torre, mas que me ensinaram muito.
Y.- É difícil fazer amigos no mundo da competição?
C.S.- Acaba sempre por se resumir a um ou dois, o que, sinceramente, é mais do que suficiente.
Y.- Até onde gostarias de chegar no mundo do alpinismo?
C.S.- Depois de voltar do Himalaia no inverno, surgiu-me a vontade de regressar a alguma grande montanha, como o K2.

Y.- Ganhaste títulos na modalidade de velocidade em escalada. Poderias explicar aos nossos leitores em que consiste?
C.S.- É pura velocidade, sem muita dificuldade. É uma modalidade que, curiosamente, começou na Rússia e nunca teve grande relevância.
Y.- Onde preferes escalar? Rocha ou gelo?
C.S.- Rocha, claramente.
Y.- Realizaste um dos feitos mais espetaculares no mundo da escalada: um 8a sem corda. Como foi essa experiência? Repetirias?
C.S.- Não, aquilo mostrou-me os meus limites de forma algo controlada. Na altura, muito pouca gente no mundo o tinha feito, não tinha referências e o desafio mental era muito exigente. Procurava um caminho pessoal, honesto, que me ensinasse algo autêntico, sem falsidades.

Y.- Além da tua paixão pela montanha, na qual trabalhas há toda a vida, vemos que praticas outros desportos de aventura. Como decidiste iniciar-te no paraquedismo?
C.S.- Foi uma evolução natural. Era algo que queria experimentar desde que saltei de parapente do cume do Naranjo de Bulnes. Isso fez-me pensar noutra dimensão da montanha, e chegou o momento graças ao Leo Houlding, um amigo inglês.
Y.- Mais tarde, optaste por começar a praticar salto B.A.S.E. Porque decidiste dar esse passo?
C.S.- Vi-os no Yosemite a saltar de uma parede e foi aí que decidi que o faria mais tarde ou mais cedo. Depois, o Leo veio a Portugal dar palestras, eu traduzi-o e ele ensinou-me tudo o que precisava de fazer.
Y.- O que preferes: as sensações de chegar a um cume ou saltar para o vazio de um desfiladeiro?
C.S.- Ambas são experiências extraordinárias que te fazem viver momentos incríveis.
Y.- Que outros desportos de aventura praticas ou gostarias de praticar?
C.S.- Fiz algum surf durante anos, algum mergulho e algum highline.

Y.- Que outros hobbies tens além dos desportos radicais?
C.S.- Ler, escrever e jogar golfe.
Y.- Também tens outras facetas, como escritor, apresentador, orador em palestras, redator em publicações desportivas... Com qual te sentes mais à vontade?
C.S.- Talvez escrever, mas não passa de um hobby. Gostaria de escrever melhor. Quanto ao trabalho de apresentador, foi apenas uma experiência de um ano na La Sexta com a Sara Carbonero. As palestras são algo que faço ocasionalmente, mas todos os anos, já há algum tempo.

Y.- Se um dia te retirasses do mundo da montanha, a que te gostarias de dedicar?
C.S.- Agarrava-me a uma secretária, como diz o final de um filme dos irmãos Coen.
Y.- Que conselho darias a quem está a pensar iniciar-se no mundo da escalada?
C.S.- Que tenha consciência dos riscos que pode correr, nada mais.
Y.- Qual é o teu próximo objetivo?
C.S.- Uff, talvez free B.A.S.E., na Gronelândia...
Deixamos-te este vídeo promocional sobre o último livro que Carlos Suarez escreveu, "Morrer pelo Cume".
E tu, também escalas? Podes contar-nos aqui.