Os amantes dos desportos de aventura estão de parabéns, pois durante o verão não param de se realizar campeonatos e competições por todo o lado. Entram em jogo muitos desportos aquáticos como o surf, que nestes dias é o protagonista nas praias de Pantín, Galiza.
Falámos com Garazi Sánchez, uma surfista que vai dar muito que falar, pois com apenas 18 anos está a abrir caminho no panorama do surf, não só a nível nacional como também europeu. Até onde irá?

Yumping.- És uma das riders mais jovens do nosso país. Conta-nos, quando sentiste a "chamada das ondas"?
G.S.- Antes de surfar passava muito tempo na praia e comecei com a prancha de cortiça a tentar pôr-me de pé. Também andava de skate e acabei por me decidir a começar a praticar surf, copiando um pouco o meu irmão mais velho. Na altura tinha 7 anos e até agora.
Y.- Tiveste a enorme sorte de crescer ao lado de praias onde o mar é ideal para aprender a surfar. O que deves ao Cantábrico?
G.S.- Apesar de muitas vezes nos queixarmos, vivemos num sítio incrível e muitas vezes não damos valor. Por isso, suponho que lhe devemos bastante: a oportunidade de crescer num local com diferentes tipos de ondas e ondas surfáveis durante todo o ano.
Y.- Supomos que te estás a tornar uma estrela do surf graças a quem te rodeia. De quem aprendeste tudo o que sabes?
G.S.- Não me considero de todo uma estrela do surf, mas sim uma rapariga que disfruta deste desporto e que tenta melhorar todos os dias. Tento aprender com todas as pessoas que me rodeiam, mesmo que não tenham nada a ver com o surf. O meu pai ensina-nos muito a mim e aos meus irmãos, cada um dos meus amigos e pessoas que me querem, e também todas as pessoas que conheço nas viagens fazem-me aprender imenso.
Y.- És a primeira mulher espanhola a participar no Circuito Mundial WQS, como te sentes nesta situação?
G.S.- Este ano estou a entrar pouco a pouco no circuito, realizando todas as provas que consigo. Em Espanha ainda não há nenhuma que tenha feito o circuito completo e eu gostaria de o completar no próximo ano ou a curto prazo. Suponho que ser a primeira faz-te sentir uma responsabilidade. Tenho consciência de que abrir espaço lá em cima é muito complicado, por isso, por agora, trabalho para ganhar experiência e melhorar os meus resultados.
Y.- Como é o dia a dia em desportos como este, onde há muita presença masculina? Foi muito difícil abrir caminho neste mundo?
G.S.- É uma questão de hábito, estamos sempre rodeadas de rapazes na água e, com o tempo, eles vêem-te como mais uma.

Y.- O que é preciso fazer para se tornar uma campeã como tu?
G.S.- Sobretudo fazer o que se gosta, ter disciplina e organização, algo que fui melhorando com o tempo, e saber rodear-se de boas pessoas. Mas, acima de tudo, nunca deixar de disfrutar do que se faz, seja o que for.
Y.- O surf para ti é mais do que um desporto, pois gostarias de viver do que mais gostas. Por que te sentiste atraída por esta prática?
G.S.- Adoraria, acho que as pessoas que trabalham naquilo que as apaixona são muito sortudas. O que me atraiu foi principalmente a sensação que se tem quando se dá um bom banho, se apanha uma boa onda, se aprende uma nova manobra... mas também os sítios que conheci, as pessoas e o estilo de vida que levo, adoro tudo isso.
Y.- Se tivesses que escolher um ídolo, com quem ficarias?
G.S.- Vi um discurso de Steve Jobs, o fundador da Apple, e achei digno de admiração. Não tem nada a ver com o desporto, mas os seus valores podem ser aplicados a todas as áreas da vida. Também acho a Bethany Hamilton incrível, depois de um ataque de tubarão conseguiu superar todos os medos e voltar a competir e estar no topo, incrível!

Y.- Quando estás a treinar e vais de campeonato em campeonato, o que é que mais sentes falta de estar em casa?
G.S.- Passar uma tarde com os amigos, um banho em Sopelana, uma refeição em família... mas é bom estar fora algum tempo para valorizar o que temos em casa.
Y.- Onde estão as melhores ondas?
G.S.- Uff... difícil, há muitos sítios, mas dos últimos onde estive, o México encantou-me!
Y.- Como te definirias dentro e fora de água?
G.S.- Isso é difícil, mas acho que sou calma e alegre, embora quando me chateio possa deixar de ser calma, mas custa-me bastante chatear-me.

Y.- Qual é o teu próximo objetivo?
G.S.- No próximo ano, o meu objetivo será melhorar e começar a ganhar experiência no WQS e continuar nos juniores como objetivo principal.
Y.- Como te vês daqui a uns anos?
G.S.- Não sei, às vezes faço-me essa pergunta e fico ansiosa, por agora não me fecho portas a nada e penso no futuro próximo, que é no que tenho que trabalhar agora.
Y.- Alguma recomendação para quem quer começar a surfar?
G.S.- Paciência, acima de tudo.